Teses de Doutorado
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- ItemA epidemiologia da Doença de Chagas Aguda nos municípios de Abaetetuba, Belém e Breves no Estado do Pará(2019) VILHENA, Andrezza Ozela; LIMA, Patrícia Danielle Lima deA doença de Chagas ainda é uma importante infecção parasitária na América Latina, sendo classificada pela Organização Mundial da Saúde como uma das doenças negligenciadas. A região da Amazônia brasileira é considerada endêmica para a doença de Chagas Aguda, com emergência de casos isolados, assim como, surtos em forma de microepidemias familiares, e com elevada frequência em áreas urbanas. Este estudo teve como objetivo analisar o perfil clínico-epidemiológico e a distribuição geográfica da doença de Chagas aguda e dos batedores artesanais de açaí, nos municípios de Abaetetuba, Belém e Breves, no Estado do Pará, Brasil. Foi realizada uma pesquisa quantitativa com desenho de estudo descritivo-ecológico, de uma série histórica dos anos de 2007 a 2015, com dados secundários do banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação, das Secretarias Municipais de Saúde. Dos 696 casos confirmados a maioria acometida estava na faixa etária de 30 a 59 anos nos municípios de Abaetetuba (35,89%) e Belém (53,71%), e de 0 a14 anos de idade (32,73%) em Breves. O gênero masculino foi mais prevalente, com os parasitados tendo baixa formação escolar em dois municípios (Abaetetuba e Breves). A quase totalidade dos casos (573/696=82,33%) foi infectada por via oral. A febre e a astenia foram os principais sintomas. A curva epidêmica de sazonalidade foi marcante entre os meses de agosto a novembro. A incidência foi mais expressiva no município de Breves que apresentou duas grandes ondas epidêmicas, em 2009 (27,98/100.000 hab) e 2015 (63,38/100.000hab). As taxas de incidência da doença foram maiores para alguns setores censitários do município de Belém e de Abaetetuba. A análise espacial, através do estimador de densidade de Kernel, apontou que no município de Belém, os setores censitários de maior densidade de casos estavam localizados nos Bairros do Jurunas, do Bengui e do Parque Verde. Em Abaetetuba foram os setores censitários do bairro da Aviação, enquanto que em Breves a maior densidade ocorreu no setor censitário de número 11. Nos três municípios, nas áreas de maior densidade de casos também foi observado grande número de batedores artesanais de açaí. O perfil clínico-epidemiológico e a sazonalidade não diferiram de pesquisas anteriores realizadas com casuística da Amazônia brasileira, entretanto a tendência da incidência da doença aponta o município de Breves com tendência crescente. Esses resultados corroboram para a identificação do perfil epidemiológico vigente que devem ser considerado na formulação de políticas públicas voltadas para o controle da doença que está a exigir uma nova atitude nas atividades de vigilância da saúde.
- ItemEstratégias de sobrevivência e movimentos de vida: práticas de redução de danos e autocuidado no discurso de pessoas que usam drogas em situação de rua em Belém/PA.(2021) REIS, José de Arimateia Rodrigues; PIANI, Pedro Paulo FreireNesta pesquisa, buscou-se analisar os discursos de pessoas que usavam drogas em situação de rua na cidade de Belém/PA, as suas práticas cotidianas de sobrevivência realizadas nos espaços urbanos, e em relação à utilização das estratégias para a redução de danos e o autocuidado nas ruas, e em possíveis interfaces com as políticas públicas à procura de ações governamentais, ou na busca de novas possibilidades de vida na complexidade da cidade, verificando-se quais formas particulares de produção de movimentos de vida são possíveis no uso de drogas a partir de contextos de situação de rua. Para tal, fez-se antes uma discussão de algumas das relações entre o modelo de sociedade contemporânea e as possíveis influências associadas à ocorrência dos fenômenos do consumo de substâncias psicoativas e das situações de rua, as quais são frequentemente aproximadas entre si na literatura especializada, e creditados à vulnerabilidade social, à marginalização ou aos estigmas sociais diversos, aliados ainda às práticas proibicionistas e às diferentes formas de governamentalidade. Discutiu-se, também, sobre quais práticas de resistência seriam possíveis às estratégias de dominação e de controle das produções de subjetividade e de sobrevivência nos cenários urbanos, aos potentes e poderosos discursos vigentes, aos muitos estigmas existentes e às políticas geradoras de desigualdades largamente adotadas. Travou-se, por outro lado, o debate sobre as políticas públicas de drogas e da população em situação de rua, bem como acerca da estratégia de redução de danos em suas características e sobre o seu surgimento entre nós e em outros países, além das possibilidades de autocuidado nas ruas pelas pessoas que utilizam substâncias, por meio de seus modos de circulação na cidade, nas modalidades próprias de sobrevivência engendradas e/ou nas formas particulares de produzir movimentos de vida. A pesquisa se fundamentou no método de análise das práticas discursivas e na escolha do campo-tema pessoas que usam drogas em situação de rua, com o intuito de contribuir para ampliar o escopo da psicologia social no estudo de temas atuais relevantes, procurando situar as complexas e as contraditórias relações entre o uso de drogas, a redução de danos, a política de drogas brasileira e as políticas públicas de cidadania e garantia de direitos. Constatou-se no estudo que as pessoas que faziam uso de drogas e viviam nas ruas de Belém/PA possuíam estratégias peculiares de sobrevivência, de relação com os espaços urbanos e dos cenários de uso da cidade, às vezes, mostrando expressiva capacidade de autocuidado, até chegando a praticar estratégias de redução de danos de forma espontânea ou intuitiva nas ruas. Apareceram, ainda, certas interfaces com as políticas públicas, principalmente, de saúde e assistência social, na procura e/ou no encontro eventual com algumas modalidades de tratamento de doenças, assim como do cuidado pela redução de danos ao uso de substâncias, mesmo durante o uso problemático, e em circunstâncias sociais muito adversas, não somente em meio às narrativas de extrema privação de direitos nas ruas da cidade, mas também de enfrentamento das vulnerabilidades, como possíveis resultados de opções de vida ou escolhas próprias. Surgiram nos relatos dos participantes circunstâncias relacionadas a uma espécie de exaustão atingida nas diferentes trajetórias pessoais que os levaram ao uso de drogas nas ruas e aos desejos frequentes de sair de tal condição, culminando em movimentos de mudanças de vida por parte de algumas das pessoas entrevistadas, geralmente, após longos anos de uso de substâncias e uma permanência significativa em situação de rua.